Ser e não ser: eis a libertação

Em todo esse tempo como psicoterapeuta, o que mais vi foram pessoas sofrendo, ou se sentindo perdidas, ou desmotivadas existencialmente, por, sem perceberem, estarem presas a um arsenal de formatos de como deveriam ser, como deveriam não ser, distorções sobre suas habilidades e possibilidades, sentenças sobre suas personalidades, medo de se diferenciarem das projeções inadequadas de suas relações. Essa configuração enrijece: a identidade, a mente, e consequentemente o horizonte de perspectivas.

Ninguém pode de fato estar tão delineado. O espaço do desconhecido de si, do laboratório de si, da descoberta e criação de si é o que dá maleabilidade para o amadurecimento e para a manutenção da saúde psíquica. Reconhecer-se como alguém fixo é não reconhecer-se, o que gera um distanciamento do sentido existencial, o looping de angustias.

É importante ressaltar que esse engessamento de quem se é e quem não se é não é autoconhecimento, inclusive ele inviabiliza que a pessoa desvende e integre toda a riqueza de nuances, processos e características que tem na sua composição. Como se ficasse a todo ou qualquer momento acionando uma auto-rejeição, auto-abandonos, ilhamentos da troca com a vida.

Por isso é importante em psicoterapia o processo bem cuidado de desapriosionar-se da necessidade de se sentir seguro se tolindo, se criticando, evitando ou fugindo do desafio da liberdade de se experimentar, aperfeiçoar, melhorar, mudar. A maior parte das pessoas presas no ser ou não ser apenas foram crianças que não receberam o apoio e incentivo tranquilo e firme de que podiam dispor da liberdade de crescer através de si e não através da rigidez do outro.

A liberdade existencial é responsabilidade consigo e com sua história, e, sobretudo, é o que tonaliza a vida. Sim, a psicoterapia é um lugar de incentivo a você prosperar com suas diferenças e qualidades.

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